Numa dualidade dinâmica e sempre presente ao longo da obra, David e Giovanni não podiam ser mais diferentes, apesar de viverem a mesma realidade. Por um lado Giovanni, um bartender italiano, aceita-se por quem é, livre de qualquer culpa, vergonha ou peso que possa vir com a sua sexualidade. Do outro verso da moeda, tem-se David, um homem danificado e acorrentado pela suas limitações, a sua vergonha.
Naquilo em que muito membros da comunidade LGBTQI+ se podem rever, O Quarto de Giovanni cresce à volta de temáticas como a vergonha, medo, discriminação, mas também o orgulho, aceitação e felicidade própria e o que tal significa. Todo o livro é uma dissecação desses sentimentos, com ênfase na emoção da vergonha.
Apesar de o livro nos estabelecer os seus grandes pontos logo nas primeiras páginas, a leitura torna-se aditiva precisamente pela curiosidade em que os nossos olhos sentem em ler cada palavra até se saber como tudo se desenrolou. Uma leitura que nos deixa vulneráveis, mas não menos curiosos por saber o seu derradeiro fim.